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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Craquelé

blogdaruanove, 11.05.09

Jarra Arts & Crafts da fábrica Rookwood, E.U.A., datada de 1916.

 

O craquelé é uma característica da cerâmica em faiança vidrada que indicia envelhecimento das peças.

 

Este aspecto estalado da superfície cerâmica deve-se à reacção desigual da pasta de faiança e do vidrado às subtis dilatações e contracções, causadas pelas variações térmicas e atmosféricas, que o corpo cerâmico vai sofrendo ao longo da sua existência. No entanto, tal reacção não se verifica nem na pasta de grés nem na pasta de porcelana.

 

O aspecto estalado do vidrado, mate ou brilhante, pode contudo ser induzido artificialmente. Durante o período Art Déco, evocando o glamour das antigas peças orientais, várias fábricas recorreram a esse processo com intenções decorativas, sendo algumas das mais conhecidas as fábricas Longwy, em França, e Boch Frères / Keramis, na Bélgica.

 

Este exemplar Rookwood evidencia um craquelé que se foi desenvolvendo ao longo das décadas, enquanto o exemplar BFK ilustra um craquelé intencional, de origem, que foi sublinhado pela inclusão de um líquido escurecido nas fracturas do vidrado.

 

Jarra Art Déco da fábrica Boch Frères, Bélgica, produzida cerca de 1924.

Design de Charles Catteau (1880-1966).

 

© Rua Onze . Blog

Rookwood

blogdaruanove, 20.04.09

Pequena jarra com vidrado brilhante.

Modelo 861, datado com treze incisões à volta do monograma RP (1899) e assinado M N S.

 

Fundada em 1880 por Maria Longworth Nichols Storer (1849-1932), na cidade de Cincinnati, a Rookwood Pottery tornou-se rapidamente numa das mais prestigiadas fábricas de cerâmica dos Estados Unidos.

 

As peças inicialmente produzidas seguiam um padrão que privilegiava a decoração floral sobre fundos em tons degradé que variavam ente o castanho e a cor de mel.

 

Tal decoração depressa se popularizou e muitas outras fábricas entretanto fundadas, como a Roseville (1890; http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/84598.html) e a Owens Pottery (1895) seguiram este padrão decorativo. Até mesmo a fábrica Weller (1872), que já havia sido fundada antes da Rookwood, adoptou este padrão.

 

Entretanto, os fundos degradés deixaram de utilizar apenas os tons acastanhados e amarelados, passando a surgir nas mais diversas tonalidades.

 

Pequena jarra com vidrado mate. Modelo 2139, datado XXIX (1929).

 

Atenta às tendências, no início do século a Rookwood passou a apresentar diversas peças em vidrado mate, com uma decoração sóbria que assentava essencialmente na modelação e nos tons mais procurados da versão americana do movimento Arts & Crafts – amarelos, azuis e, muito em particular, verdes.

 

Esta última cor, cujas diversas tonalidades continuavam a surgir preferencialmente na versão mate, era também característica das famosas fábricas Grueby e Teco, tendo passado a estar entre as favoritas da decoração Arts & Crafts, frequentemente utilizada por, entre muitos outros, Gustav Stickley (1858-1942) e pelo arquitecto Frank Lloyd Wright (1867-1959).

 

Pequena jarra com vidrado mate. Modelo 6444, datado XLIV (1944).

 

A produção Rookwood, no entanto, crescia e diversificava-se, não se cingindo à tendência Arts & Crafts.

 

A dispendiosa mão-de-obra especializada dos diversos pintores e pintoras da fábrica atingia o seu virtuosismo nas decorações, ainda imbuídas da tradição simbolista, de paisagens lacustres, bosques e florestas.

 

Esta produção acompanhava os sempre favoritos padrões florais, tendo a sua expressão máxima no vidrado vellum, um vidrado mate, translúcido, que dava a impressão de apresentar um fino véu a cobrir a decoração manual.

 

Pequena jarra com vidrado brilhante. Modelo 6444, datado de XLV (1945).

 

A produção Rookwood era naturalmente dispendiosa, devido à técnica e à mão-de-obra, pelo que a partir da década de 1920 passou a verificar-se uma maior insistência na decoração à base da modelação, tendência que se acentuou com a crise de 1929. 

 

A fábrica continuou a produzir interessantes peças durante as décadas de 1930 e 1940, mas as sequelas da II Grande Guerra parecem tê-la afectado, pelo que acabou por ser vendida em 1959 a uma companhia de relógios, a Herschede Clock Company, cessando a produção em 1967

 

Contudo, em 1982, um coleccionador de cerâmica, Arthur Tonley, adquiriu a companhia e o seu acervo, tendo vindo a cedê-la a Christopher Rose, em 2004. Assim, apesar das múltiplas vicissitudes das últimas décadas, a fábrica Rookwood mantém-se ainda activa.

 

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