Ainda o "Cão de Barão" e o Queijo Flamengo
O opúsculo do poeta Bulhão Pato (Raimundo António de Bulhão Pato, 1829-1912) anteriormente referido (http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/142617.html), A Dança Judenga (1901), apresenta um olhar irónico sobre a sociedade portuguesa da época, não deixando de suscitar curiosas leituras paralelas com a sociedade actual.
O espírito crítico e mordaz desenvolvido pelo autor nesta obra remete inevitavelmente para as características dos textos dos seus contemporâneos Eça de Queirós (1845-1900) e Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), pese embora o irónico facto de o próprio Eça ter transmutado Bulhão Pato no demodé poeta Alencar do seu romance Os Maias (1888).
Assim, porque as "coisas muitas não vistas" da obra continuam, efectivamente, a ser muitas e actuais e nós continuamos a ser um país de "finos artistas", transcrever-se-ão ao longo das próximas semanas as oitenta estrofes que constituem A Dança Judenga, começando hoje pelo seu epigrama:
São coisas muitas não vistas,
E mui desvairadas gentes,
Como dizem os chronistas,
Fazendo as mais excelentes
Obras de finos artistas!...
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