Folclore, Vanguarda e Estado Novo
Cinzeiro datado, no verso, de 1955.
A recuperação e reformatação dos valores do folclore bem como a sua dinamização nas décadas de 1940 a 1960 está geralmente associada ao Estado Novo e aos vários organismos corporativos desenvolvidos pelo regime – SPN/SNI, FNAT, Casas do Povo.
Todo o revivalismo dos supostos valores tradicionais veiculados pelo folclore foi exacerbado na cerâmica, como se verifica nestas peças da fábrica Aleluia, nas edições postais, com a série Conheça as suas Danças, na decoração do vidro, na própria promoção turística dos ranchos folclóricos e na sua projecção através de cartazes de instituições oficiais.
Um aspecto, contudo, é muitas vezes subvalorizado ou escamoteado na análise desse revivalismo. É que ele havia sido promovido já na década de 1920 por artistas como Bernardo Marques (1898-1962) ou Roberto Nobre, (1903-1969), certamente na senda da recuperação de um imaginário popular europeu relançado anteriormente pelos Ballets Russes, de Diaghilev (Sergei Pavlovich Diaghilev, 1872-1929), e rapidamente aplaudido, acarinhado e adoptado pelos modernistas.
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