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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Folclore, Vanguarda e Estado Novo

blogdaruanove, 05.02.10

Cinzeiro datado, no verso, de 1955.

 

A recuperação e reformatação dos valores do folclore bem como a sua dinamização nas décadas de 1940 a 1960 está geralmente associada ao Estado Novo e aos vários organismos corporativos desenvolvidos pelo regime – SPN/SNI, FNAT, Casas do Povo.

 

 

Todo o revivalismo dos supostos valores tradicionais veiculados pelo folclore foi exacerbado na cerâmica, como se verifica nestas peças da fábrica Aleluia, nas edições postais, com a série Conheça as suas Danças, na decoração do vidro, na própria promoção turística dos ranchos folclóricos e na sua projecção através de cartazes de instituições oficiais.

 

 

Um aspecto, contudo, é muitas vezes subvalorizado ou escamoteado na análise desse revivalismo. É que ele havia sido promovido já na década de 1920 por artistas como Bernardo Marques (1898-1962) ou Roberto Nobre, (1903-1969),  certamente na senda da recuperação de um imaginário popular europeu relançado anteriormente pelos Ballets Russes, de Diaghilev (Sergei Pavlovich Diaghilev, 1872-1929), e rapidamente aplaudido, acarinhado e  adoptado pelos modernistas.

 

 

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Cerâmica Portuguesa da Segunda Metade do Século XX

blogdaruanove, 11.01.10

Jarra modelo 713-B, da década de 1950 ou 1960.

 

A fábrica Aleluia, em Aveiro, foi uma das empresas cerâmicas portuguesas que mais apostou na renovação do design e da decoração como forma de relançar a indústria no mercado do pós-guerra.

 

Assim, a sua produção das décadas de 1950 e 1960 permanece hoje como testemunho de uma contribuição notável para o modernismo português desse período, rivalizando com aquilo que de melhor e mais vanguardista se produziu na cerâmica europeia.

 

Dedicando-se actualmente à cerâmica sanitária e de revestimento como produção prioritária, a Aleluia Cerâmicas (http://www.aleluia.pt/) mantém contudo uma produção de estúdio dedicada a intervenções artísticas e à arte pública, projecto valorizado com a tradição e a vocação de uma das fábricas entretanto adquiridas pela empresa, a Viúva Lamego, de Lisboa.

 

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Biomorphics & Op Art

blogdaruanove, 08.06.09

Jarra da fábrica Beswick, Inglaterra, da década de 1950.

 

No período pós-guerra, o modernismo desenvolvido pelos países escandinavos nas mais diversas áreas das artes decorativas, ao longo das décadas de 1920 e 1930, passou a assumir formas mais arrojadas e inovadoras em diversos países europeus, mesmo naqueles que demonstravam certa resistência à inovação nas formas.

 

Em Inglaterra, apesar de as cerâmicas de Keith Murray (1892-1981), Susie Cooper (1902-1995) e Clarice Cliff (1899-1972), exemplificarem características modernistas, particularmente quanto ao valor escultórico e despojado da forma, no caso do primeiro, e quanto à exuberância da decoração no caso das ceramistas, foi preciso aguardar pelo pós-guerra para que surgissem peças, como a jarra Beswick reproduzida, onde se combinassem essas duas componentes e onde o aspecto escultórico e decorativo se sobrepusesse à função do objecto.

 

Esta atitude decorreu certamente do contexto artístico onde se vinham a tornar influentes as obras do escultor Henry Moore (1898-1986) e do pintor Hans Arp (1886-1966), traduzindo muito daquilo que se chamava aproximação biomórfica à arte.

 

A Op-Art, de que o pioneiro Victor Vasarely (1908-1997) é provalmente o artista mais representativo, e Nadir Afonso (n. 1920), através da curta fase em que desenvolveu o seu projecto Espacillimité, o artista nacional mais conhecido, também veio a influenciar a cerâmica, como se comprova com esta notável jarra da fábrica portuguesa Aleluia.

 

Jarra da fábrica Aleluia, Aveiro, Portugal, da década de 1950.

 

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