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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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In Memoriam

blogdaruanove, 09.04.09

 

AOS SOLDADOS MORTOS

 

"E estes de que falo são os que acabarão na India os mais dos feitos que nella se cometerão".

 

Diogo de Couto – Decada VII, Liv. decimo.

 

Meu soldadinho do C.E.P.,

Tu foste à guerra, meu Zé Povinho,

Tu foste à guerra sem saber porquê.

Chegaste triste como gado à feira.

E espavoridamente,

Entanguido no lôdo da trincheira,

Ante teus olhos doces de boisinho

Abriu-se o matadoiro de repente...

Retroava a noite, uivava, estremecia a terra,

Um imenso clarão trovejava, um rasgar

Contínuo de trovões... Era a guerra, era a guerra,

A visão infernal do mundo a desabar,

A terrível visão!...

 

E resignadamente,

Meu Dom Sebastião!

Aceitaste morrer, e morrer devagar.

 

Cemitério de Ambleteuse, Dezembro de 1918.

 

in Alberto Osório de Castro (1868-1946), O Sinal da Sombra (1923). 

 

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Capas & Companhia

blogdaruanove, 25.02.09

 

Capa de Alberto de Sousa (1880-1961) para a colectânea de poemas O Sinal da Sombra (1923), de Alberto Osório de Castro (1868-1946).

 

Note-se a influência das artes decorativas egípcias no design da capa, facto a que não será alheia a temática de muitos dos poemas de Osório de Castro (alguns escritos na década anterior) nem a descoberta do túmulo de Tuthankamon, em 1922.

 

O livro abre com a seguinte citação de Pierre Loti (pseudónimo de Louis Marie-Julien Viaud, 1850-1923):

 

"Demain je ne percevrai plus ni les couleurs ni le soleil, et dejà sans doute je commence par m'en désintéresser."

 

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