Capas & Companhia
Capa e ilustrações de Ioão (João Carlos Celestino Gomes, 1899-1960) para o livro de poemas Tu e o Teu Corpo (1946), de António de Cértima (pseudónimo de António Augusto Gomes Cruzeiro, 1894-1983).
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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...
Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...
Capa e ilustrações de Ioão (João Carlos Celestino Gomes, 1899-1960) para o livro de poemas Tu e o Teu Corpo (1946), de António de Cértima (pseudónimo de António Augusto Gomes Cruzeiro, 1894-1983).
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Eduardo Correia de Matos (1891-1971), Terra Conquistada (1946).
Capa e vinhetas, de abertura e fecho dos capítulos, de autor não identificado.
Com a presente obra, o autor obteve o primeiro prémio do Concurso de Literatura Colonial de 1945. Anteriormente, havia já publicado Sinfonia Bárbara (1935) e Há Quem Se Esqueça de Viver (1943). Posteriormente, publicou os volumes Almas e Pão (1948), Mundos do Mundo e Aconteceu em África, ambos em 1955.
Ainda em 1945, na colecção Damon, publicou as "Novelas de Cormat" – Do Tecto do Mundo ao Jardim dos Deuses: Romance no Tibet, A Montanha Sagrada: Romance em Bali e Alta Tensão: Romance em Nova Iorque, assinadas com o pseudónimo Cormat.
Traduzindo parte da vivência do autor em Moçambique, onde desempenhou o cargo de chefe dos serviços agrícolas de Inhambane, o romance Terra Conquistada entrecruza as tradições locais com a acção colonizadora portuguesa, num discurso narrativo entremeado de diversas expressões de Quelimane e da Zambézia.
Tal como aconteceu com outras obras de literatura colonial, esta opção discursiva justificou a inclusão de um glossário anexo, com dezenas de vocábulos, para permitir maior legibilidade de um texto que ocasionalmente se aproxima do registo etnográfico.
Desta obra transcrevem-se alguns dos parágrafos iniciais:
"Analisava-as uma a uma. Nenhuma possuia tantos encantos como Majioa! Havia no rosto dela música aliciante. A entonação da sua voz tinha harmonias de niacatangani. Nos seus olhos de gazela dardejava o poder de domínio do Lipala, o mais astuto combaissa de terras de Quelimane.
Andava enfeitiçado. Bem podia dizer que era ela o seu mucuirre. Mecânicamente, fazia coro com os outros no vitelini, mas, no interior do seu cérebro, andava uma voz a recordar-lhe aspirações antigas, ora, exaltante como toque de biri-biri, ora suave como vibração de msirimbo.
Aquela voz ia-lhe lembrando ocasiões em que a vira, em requebros de dança, a compasso de cantos e tugurus, ao som de mchito ou de arritimula, em movimentos lascivos, na dobuta, na ingosi, na malé-olé.
O tio Rupia, que ali jazia inerte na palhota, tivera-a também em grande apreço. Codjilés de latão a rodear-lhe os artelhos e subindo até quase o meio da perna, pesadas argolas de cobre a pender-lhe das orelhas, grossos colares de contas a envolver-lhe o pescoço, tudo em quantidade maior do que em qualquer outra, bem demonstravam a preferência que Rupia lhe dispensava.
Vezes sem conto, Meoéla pretendera seduzi-la. Tinha coqueiros de sobra que daria de indemnização, se o tio viesse a saber que ele o traíra. Ela esquivara-se-lhe, sempre desatenta aos seus rogos, às seduções com que procurava conquistá-la.
Desta vez seria sua! Não porque ele fosse o herdeiro do morto. Diversamente do que se dava em outras regiões da Africa, o herdeiro de Rupia seria um filho deste e de Majioa, rapazote de doze anos apenas. Herdaria do pai todos os bens incluindo as mulheres, à excepção da su aprópria mãe. Seria ele, Meoéla, na qualidade de sobrinho do morto, que Majioa teria de aceitar para marido, como era do uso udja mirriba. Podia abandoná-lo no dia seguinte, se não lhe agradasse aquela ligação. Procedendo assim, receberia da família do defunto marido um anel, o pèté, a indicar ter quebrado com ela, para sempre, todas as ligações.
À ideia de ser repudiado, confrangia-se o coração de Meoéla. Por que havia Majioa de repudiá-lo? Não era ainda novo? Não era dono de muitos coqueiros? Não faria larga colheita de copra que permutava por capulanas, contas, sal, peixe e outras mais coisas do seu agrado? Se em ocasiões passadas ela se furtara aos seus galanteios, fora certamente por fidelidade ao marido, não por o detestar."
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Capa de C. R. (Charles Rennie Mackintosh ?, 1868-1928) para The Hundred Best Poems (Lyrical) in the English Language (1903; presente edição, revista e aumentada, 1946)
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SEIA Cabeça da Velha
Bilhete postal circulado de Seia para a Amadora, em Agosto de 1946.
Edição da CASA HAVANESA – Seia.
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Ilustração, desenhada em 1934 por Jorge Barradas (1894-1971), para a capa da sétima edição (1946) do romance Emigrantes (1928), de Ferreira de Castro (1898-1974).
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Capa de Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957).
Castro Soromenho (1910-1968), Homens sem Caminho (1946).
O conflito entre Lundas e Quiocos que se desenvolve ao longo da narrativa vem sublinhar a inutilidade da resistência àquilo que parece ser o destino de cada um destes povos – o domínio, no caso dos Quiocos, e a submissão, no caso dos Lundas.
Mas, em território Lunda, o conflito é também um conflito interior, de um proscrito que regressa ao seu povo e é impotente para o salvar da ameaça dos Quiocos, e um conflito exterior, colectivo, que sublinha a decadência dos Lundas. A redução à escravatura vem confirmar essa decadência e selar a fatalidade do seu destino.
Djàlala, que tinha sido um proscrito e agora aparecia como um messias que viria salvar os Lundas, nada pode fazer contra os Quiocos nem contra o destino, que se anunciava através de pequenos sinais de mau-agoiro, de pequenas contrariedades, de pequenos feitiços com devastadoras consequências. O Djàlala do final da narrativa é uma personagem acabrunhada e dominada pelo destino, tendo perdido a personalidade que inicialmente demonstrava:
"A história da fuga do Djàlala do chão dos Bangalas, encheu todo o sertão. Os povos desgraçados e todos os escravos contavam-na ao redor das fogueiras nas noites brancas de luar. E os deserdados, em todas as senzalas lundas além-Caluango, o amaram. Gemeram os quissanges cantando o seu belo feito. E na boca das mulheres andava a sua vida feita em canção. A sua aventura ficara na saudade e no sonho de todos os infelizes. Ninguém, fora da sua aldeia e da taba do soba Cassange, o tinha visto. As mulheres aformosearam-no com a imaginação, e os escravos envolveram-lhe a vida em mistério. E o mistério volveu-se em lenda e a lenda em canção. Mas no Caluango, no seio da sua gente, e nos povoados vizinhos, a sua história era bem diferente. Toda a gente o olhava com olhos carregados de medo. Os escravos temiam-no, porque ele ali era sobeta, senhor com poderes de mandar chicotear os vassalos e vendê-los como escravos, e os sobas e conselheiros detestavam-no. Só as mulheres lhe queriam bem."
Para um breve comentário sobre outro livro de Castro Soromenho, Calenga (1945), que apresenta duas novelas, consulte: http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/193127.html.
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