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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Curiosidades - Homenagem a Émile Loubet

blogdaruanove, 26.01.10

 

Pequena medalha em bronze evocativa da visita do presidente da República Francesa, Émile François Loubet  (1838-1929; presidente, 1899-1906), a Portugal, no ano de 1905.

 

No Portugal monárquico de então, onde se lia Portugal laico deveria ler-se Portugal republicano e, num sentido mais lato, Portugal maçónico.

 

 

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Correspondência de Wenceslau de Moraes (XII)

blogdaruanove, 16.07.09

 

" [continuação] Alegro-me em saber que o Dr. Peres Rodrigues e sua Esposa os visitaram, brindando-te com um grande aquario. Eu tenho o Dr. Rodrigues por um homem altamente superior; Portugal inteiro talvez não tenha cem individuos que o egualem; tu e tua irmã são ainad muito novos para o comprehenderem completamente, só bem tarde talvez o possam apreciar como elle merece. No entretanto, devem estimal-o muito, como parente, como um amigo; abrirem-lhe o seu coração, não terem o menor segredo para elle; e finalmente seguirem todos os seus conselhos, pois só n'elle encontrarão guia seguro contra as grandes difficuldades da vida. O Eça [Vicente Almeida d' Eça (1852-1929), cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/107350.html] é outra joia; lembra-te sempre que foi elle que te iniciou na vida de trabalho. Faze por merecer a sua estima.

 

Fallemos do aquario, que dizes vaes povoar. A quadra não é muito boa; a melhor é a primavera e verão. No meu I.º volume das "Cartas" encontrarás, á falta de melhor, alguns conselhos para o caso; mas deve haver livrinhos interessantes, em francês, sobre o assumpto; no meu tempo, já os havia. Eu fiz interessantes colheitas na ribeira de Alcantara, que ja não existe. Procura as ribeiras, os charcos, as fontes; e ahi encontrarás bonitas plantas e animaes; a experiencia, que é o grande meste, te ensinará o resto."

 

Excerto de uma carta endereçada a seu sobrinho Joaquim Adriano de Moraes Costa (datas desconhecidas), enviada de Kobe e datada de 18 de Outubro de 1905.

 

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Correspondência de Wenceslau de Moraes (XI)

blogdaruanove, 15.07.09

 

" [continuação] Perguntas-me se é verdade tudo que o Dr. C. B. diz sobre o Japão. Devolvo-te o artigo, para comparares com as minhas informações. Ha muita verdade, mas tambem ha muita mentira.

 

Durante a guerra, o serviço medico japonez mostrou-se magnifico. A hygiene japoneza é soberba. A cremação dos mortos, geral, deve ser de excellente effeito. Para se imaginar o que vale a hygiene japoneza, basta pensar nos horrores da peste na China, na India e n'outros pontos, durante estes ultimos annos; pois o flagello tem sido introduzido por varias vezes no Japão, em virtude das suas relações commerciaes com a China e a India, mas nunca tem conseguido enraizar, limitando-se as victimas a um infimo numero!... O japonez vive muito ao ar livre, mas de noite fecha em geral as suas janellas. O japonez é vegetariano, mas não por systema; come tambem muito peixe e mariscos; não gosta muito de carne de vacca, mas nas grandes povoações já a come; nas localidades do interior não usa d'ella. A tal comida do homem do campo, composta de tomates, pepinos e saladas, é pêta; o japonez não come tomates, mas beringelas, pepinos, espinafres, nabos, feijão, ervilhas, favas, etc. A alimentação do pobre consta geralmente de arroz cosido sem sal, salmoira de nabos e uma chavena de agua morna. O japonez nunca bebe chá com leite, mas só chá, sem assucar, alguma cerveja e o vinho indigena, saké; quasi nunca bebe agua. Toda a gente toma banho, e frequentemente; o banho é muito quente, e depois d'elle muitas pessoas lavama a cabeça com agua fria; a grande maioria da população, naturalmente pouco abastada, usa dos banhos publicos, pagando menos de 10 reis por cada banho. Eis o que me occorre dizer-te sobre o artigo em questão. [continua] "

 

Excerto de uma carta endereçada a seu sobrinho Joaquim Adriano de Moraes Costa (datas desconhecidas), enviada de Kobe e datada de 18 de Outubro de 1905.

 

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Correspondência de Wenceslau de Moraes (X)

blogdaruanove, 14.07.09

 

"Acabo de receber a tua carta de 11 de Setembro, a primeira que me annuncia a chegada a Lisboa dos primeiros volumes do "Culto do Chá". Obrigado pelas amáveis expressões. Agradeço também a remessa de alguns artigos de jornaes a proposito do Japão, dos quaes apenas já lêra um.

 

Sobre a tua pergunta a proposito da gravura colorida japoneza, direi antes de tudo que os especimens que o meu livrinho te apresenta são dos mais ordinarios, isto por motivos de economia e tambem pela difficuldade em que me via de saber dirigir-me aos bons mestres. Nada do que vês é aguarella; é pura gravura, executada por processos primitivos, muito lentos, mas admiraveis de tons, por exemplo os esbatimentos. Nas minhas gravuras, os contornos foram impressos por meio de pedra lythographica, empregando só a côr negra; e as côres foram dadas por meio de gravuras em madeira, empregando-se uma chapa para cada côr. Quanto mais côres tem o desenho, mais caro sahe; um desenho com 5 côres, por exemplo, exige a pedra lythographica para os contornos e 5 chapas de madeira!... É este o processo geral da gravura japoneza. [continua] "

 

Excerto de uma carta endereçada a seu sobrinho Joaquim Adriano de Moraes Costa (?-1905), enviada de Kobe e datada de 18 de Outubro de 1905.

 

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Correspondência de Wenceslau de Moraes (IX)

blogdaruanove, 13.07.09

 

 

"Recebi hoje uma carta sem data, tua. Respondo. Não repares em não ser o papel tarjado de preto. Não tenho aqui outro á  mão; o luto, pela nossa querida e pobre doente [Emília Regina, sua irmã e mãe de Joaquim Adriano], tenho-o no coração.

 

Hoje mesmo te mandei um telegramma, escripto em francez por não admittir o governo japonez, durante a guerra, que os telegrammas particulares sejam expedidos n'outra lingua que não seja o francez ou inglez. O telegramma foi assim: "Approuve tes vues. Wenceslau". Creio que o receberás sem inconveniente algum."

 

Excerto de uma carta endereçada a seu sobrinho Joaquim Adriano de Moraes Costa (datas desconhecidas), enviada de Kobe e datada de 8 de Maio de 1905.

 

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