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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Correspondência de Wenceslau de Moraes (VI)

blogdaruanove, 08.07.09

Capa da terceira edição de Dai Nippon (1972), com prólogo de Martins Janeira (1914-1988).

 

"Lembro-me bem que tenho recebido cartas tuas ultimamente, e tambem do menino Antonio, o que tudo muito agradeço.

 

Mas a vida desordenada que levo ha mais de um anno, e que talvez se prolongue ainda nem eu sei por quanto tempo, obriga-me a mal cumprir os meus deveres de amizade, não respondendo ou respondendo mal ás cartas que recebo, e isto por excesso de trabalho, ou má disposição, ou fadiga de espirito, farto de tantos trambulhões da sorte.

 

(...)

 

Sabes que appareceu (dizem-me de Lisboa que em 10 de Julho) um livreco meu? Escrevi á Chica para te dar um dos exemplares que ella receba para mim; vamos a ver como isso se arranja, pois receio mesmo que não me enviem ou á Chica alguns exemplares do tal "Dai-Nippon", que pelo nome não perca. Tive a mania de ser escriptor; resultado da minha vida isolada, de bicho bizonho."

 

Excertos de uma carta endereçada a sua irmã Emília Regina Perpétua de Moraes (?-1905), enviada de Kobe e datada de 17 de Agosto de 1897.

 

 

Página de rosto de um exemplar da segunda edição de Dai Nippon que pertenceu ao professor, químico e escritor António Herculano de Carvalho (1899-1986).

 

Sobre a publicação desta segunda edição, anotou Martins Janeira, no primeiro parágrafo do prólogo à terceira edição:

 

"Dai Nippon, o 'Grande Japão', foi escrito em 1895 e publicado dois anos depois pela Imprensa Nacional; a segunda edição é feita pela Seara Nova, em 1923, por iniciativa de Vicente Almeida d' Eça [1852-1929] e contra o desejo expresso por Moraes. Este, por causa dos erros tipográficos que o exasperaram, comenta em carta: 'a 2.ª edição do Dai Nippon é uma porquíssima aventura'. Em seguida cortou relações com o prefaciador, apesar de ele ser um dos três da 'Trindade Benevolente' a quem dedicara O Culto do Chá." 

 

 

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Correspondência de Wenceslau de Moraes (IV)

blogdaruanove, 06.07.09

 

 

"Tendo chegado a Kobe, onde ha dois dias, mesmo fundeados, apanhámos muito mau tempo, mas sem consequencias funestas, quero mandar-te noticias minhas, ainda que falte o tempo para uma longa carta.

 

Passo regularmente; a viagem tem-me fatigado, mais nada.

 

Kobe é uma importante cidade japoneza, linda como tudo o que é japonez; as suas curiosidades são carissimas, e não chegam á minha bolsa; jarras, por exemplo, de um e dois contos de reis cada uma!... São só para principes.

 

Tenho-me limitado a dar alguns passeios, e ha coisas realmente admiraveis. Uma informação de uns antigos parentes: em Nagazaki esteve comnosco um navio brazileiro; disseram-me que o Guilhobel [José Cândido Guilhobel] está no Rio, é casado e tem 3 filhos; e é um dos officiaes mais distinctos da marinha brazileira."

 

Excertos de uma carta endereçada a sua irmã Francisca Adriana Palmira (datas desconhecidas), enviada de Kobe e datada de 22 de Agosto de 1889.

 

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