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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Correspondência de Wenceslau de Moraes (V)

blogdaruanove, 07.07.09

 

"Muito desejoso de satisfazer o teu apetite, confesso-te no entanto que a coisa é difficil: os bilhetes que mando á Chica foram comprados no Japão, estão a acabar, e em Macau não se encontram; com respeito a papel japonez, tambem o melhor foi adquirido no Japão; em Macau ha algum, mas não agora, pois todas as lojas de quinquilharias se fecharam, em consequencia da peste que aqui está reinando, como deves saber pelos jornaes.

 

Chegou isto a tal ponto, que é já um problema difficil o saber-se onde se ha-de ir comprar um kilo de batatas; Macau está quasi deserto. Voltando ao assumpto, para te ser agradavel tanto quanto possivel, faço um volume de algum papel que reservava para mim, junto-lhe um resto de bilhetinhos, e mando-te tudo como amostra registada. Ficas contente?"

 

Excerto de uma carta endereçada a sua irmã Emília Regina Perpétua de Moraes (?-1905), enviada de Macau e datada de 04 de Junho de 1895.

 

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Correspondência de Wenceslau de Moraes (IV)

blogdaruanove, 06.07.09

 

 

"Tendo chegado a Kobe, onde ha dois dias, mesmo fundeados, apanhámos muito mau tempo, mas sem consequencias funestas, quero mandar-te noticias minhas, ainda que falte o tempo para uma longa carta.

 

Passo regularmente; a viagem tem-me fatigado, mais nada.

 

Kobe é uma importante cidade japoneza, linda como tudo o que é japonez; as suas curiosidades são carissimas, e não chegam á minha bolsa; jarras, por exemplo, de um e dois contos de reis cada uma!... São só para principes.

 

Tenho-me limitado a dar alguns passeios, e ha coisas realmente admiraveis. Uma informação de uns antigos parentes: em Nagazaki esteve comnosco um navio brazileiro; disseram-me que o Guilhobel [José Cândido Guilhobel] está no Rio, é casado e tem 3 filhos; e é um dos officiaes mais distinctos da marinha brazileira."

 

Excertos de uma carta endereçada a sua irmã Francisca Adriana Palmira (datas desconhecidas), enviada de Kobe e datada de 22 de Agosto de 1889.

 

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Lafcadio Hearn

blogdaruanove, 11.05.09

 

O percurso literário e biográfico de Lafcadio Hearn (1850-1904) apresenta alguns paralelismos com o de Wenceslau de Moraes (1854-1929).

 

Ambos escreveram sobre a China e sobre o Japão, ambos se deixaram seduzir pelo Japão, ambos desposaram consortes japonesas.

 

Do mesmo modo que Moraes é praticamente ignorado em língua inglesa, Hearn é praticamente ignorado em língua portuguesa. Contudo, ambos são considerados pelos literatos japoneses como duas das grandes autoridades ocidentais sobre o Japão, referindo Wenceslau a obra de Hearn com grande admiração.

 

Em Portugal apenas há registo de duas traduções recentes e antológicas da obra de Hearn – O Japão: Uma Antologia de Escritos sobre o País (2005) e O Japão: Uma Antologia de Escritos sobre as Gentes (2006) e nenhum registo de traduções da sua obra ficcional.

 

No Brasil, apenas se regista a tradução, também recente (2006), de Kwaidan (1903), obra que foi adaptada para o cinema em 1964 (Kaidan; cf. http://www.imdb.com/title/tt0058279/), por Masaki Kobayashi (1916-1996). 

 

Para homenagear Lafcadio Hearn, o R11B decidiu ensaiar a tradução de um pequeno conto do autor, The Soul of the Great Bell, incluído em Some Chinese Ghosts (1887), que será publicada a partir de hoje. O texto em Inglês que serviu de base à tradução é de uma edição de 1927 (New York: The Modern Library Publishers), podendo-se consultar uma edição de 1906 em: http://www.archive.org/stream/somechinese00hearrich.

 

Embora o conto seja breve, a tradução para Português apresenta obstáculos particulares dada a intencional predominância de aliterações e de significativos valores onomatopaicos, essenciais ao ritmo e à sonoridade da narrativa original em Inglês, factos que se poderão reflectir na fluência da tradução proposta.

 

Kottō (1902)

 

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