Viseu em 1915 (II)
Vizeu Hotel Portugal
Bilhete postal do início do século XX.
Edição da Tabacaria Costa - Viseu.
"Amigos dedicados, que são ao mesmo tempo correligionarios prestimosos, esperam-me na Estação e levam me para o Grande Hotel, num bairro novo da cidade.
Manuel Casimiro, o glorioso artista tauromaquico, tendo passado a mocidade a lidar touros, resolveu passar a velhice a tratar hospedes. Talvez não seja mais lucrativo, mas é com certeza menos perigoso, embora certos hospedes sejam más rezes, sem alusão grosseiraás virtudes conjugaes. Um fidalgo, lembrou-se de construir uma bela casa para Hotel, e logo Manuel Casimiro se meteu a hoteleiro, desembaraçado e solerte como ha trinta anos atraz.
Muita gente, ao que por ahi se diz, não visita a Provincia porque ela, duma fórma geral, não lhe oferece os indispensaveis comodos de alojamento, para alguns dias ou para algumas horas. Os hoteis, fóra de Lisboa e Porto, são por via de regra maus, alguns são positivamente horríveis, estalagens em que tudo falta – a não ser o pecevejo no verão, e a pulga em todas as estações.
Pois Vizeu tem hoje um magnifico hotel, o Grande Hotel, em que o touriste encontra tudo quanto lhe é permitido desejar fóra de sua casa – se é que em sua casa tem o conforto das instalações modernas, que servem de casulo á burguezia dinheirosa. Quartos amplos, de janelas bem rasgadas, uma mobilia singela, de fabricação local, graciosa e leve, e os leitos á vontade do freguez, quanto ao colchão, sendo preferiveis os de arame, para gente casada, por causa do resalto, que é uma força a aproveitar."
in Brito Camacho (1862-1934), Jornadas (1927).
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