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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Fantasmas

blogdaruanove, 31.03.09

 

Ao longe, do outro lado do rio, Palmela.

Na alameda de ciprestes, homens de um lado, mulheres do outro. Eles e elas, serviçais. Ao fundo, os pilares da sabedoria. Lá dentro, à direita, a brancura singular e incólume de um friso em mármore, desafiando o salitre que  devora os frescos. Ainda à direita, a descida. Na cripta, um altar subterrâneo. À sua volta, um percurso quadrangular. Nos corredores, a luz tremeluzente dos círios e das velas revela uma brancura inesperada... Nuvem de cálcio ou de salitre?

Cá fora, o céu, limpo e imperturbável, permanece azul, enquanto o vértice da pirâmide continua a apontar para o inatingível...

 

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Macau, 1937 (VI)

blogdaruanove, 30.03.09

 

Lá fora o barulho das celebrações continuava. A multidão percorria as ruas em êxtase, numa alegria inconcebível para a maior parte dos chineses noutros dias, sem saber muito bem para onde ia, nem porquê. Muitas pessoas pareciam andar pelas ruas sem destino. Tal como ele parecia divagar sem qualquer finalidade.

 

Teria que se levantar e sair, para honrar a promessa feita a Liang e agradecer a hospitalidade de Tchang. Mas o esforço parecia-lhe enorme. Levantar-se. Convencer-se que teria de movimentar o corpo, que teria de conviver com outras pessoas... Parecia-lhe inútil a conjugação de todo aquele esforço. Sentiu-se tão minúsculo como um netsuke. Encerrado na caixa de segredo que lhe haviam oferecido, era um daymio erecto, de madeira dura, mas sem espada. Um daymio que se fundia com o labirinto de madeira perfumada e macia da caixa, diluindo-se nos aromas que dela se evolavam...

 

Ergueu-se. Caminhou para as janelas e abriu as gelosias de cima, de par em par. Deixou que a luz o magoasse, entrando-lhe pelos olhos bem abertos. Olhou para as ruas, para  a multidão, para o mar, deixando-se penetrar pela luz e pelo ruído. "Em que estás a pensar?" Sorriu. "There are more things, Horatio..." Shakespeare recordado e treslido, um sonho de uma noite de verão num fim de tarde oriental. Sentir e recordar era melhor que pensar.

 

Sentiu vontade de se perder na multidão, de ser levado sem destino por aquela torrente.

 

Irreflectidamente, despiu-se e ficou na penumbra, sentindo a aragem que vinha da rua. Esteve assim breves momentos, até sentir a pele arrepiada. Lavou-se depois com água tépida. Fez a barba uma e outra vez, escanhoando-se aqui e ali. Afinal, era Ano Novo. O seu primeiro Ano Novo Chinês!

 

Surpreendeu-se com o murmúrio cantarolado que lhe ia saindo das narinas. Viu no espelho o esboço de um sorriso de satisfação. Afinal estava contente...

 

Vestiu-se e precipitou-se para as escadas, descendo ritmadamente os degraus, de dois em dois, e voltando às vezes atrás, como se estivesse a ensaiar um passo de dança.

 

Entrou na rua como se aquele fosse o seu mundo e nunca tivesse estado em nenhum outro sítio. Aquele era o seu mundo, aquela era a sua vida. Ninguém mais a poderia viver, ninguém mais a poderia sentir.

 

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Gustavsberg

blogdaruanove, 30.03.09

Jarra decorada por J. Ekberg, com técnica de sgraffito. Assinada e datada (1909).

 

Fundada em 1825, a fábrica sueca Gustavsberg (cuja grafia original era Gustafsberg) tornou-se particularmente célebre entre as décadas de 1930 e 1960 pela sua produção modernista, pela produção de estúdio e pela série Argenta, criada por Wilhelm Kåge (1889-1960).

 

Jarra decorada por J. Ekberg, com técnica de sgraffito. Assinada e datada (1919).

 

No entanto, a fábrica produzira já importantes peças decorativas no século XIX. Durante a última década desse século e as primeiras do século XX foram particularmente notáveis as criações do director artístico Josef Ekberg (1877-1945), que favoreceu a decoração de peças com a técnica de sgraffito.

 

Utilizando como base um corpo cerâmico em faiança branca, essa técnica caracteriza-se pela sobreposição de outras camadas monocromáticas (azuis e, com menor frequência, verdes), em tons claros e escuros,  que depois são trabalhadas e parcialmente retiradas para efectuar a decoração. O vidrado era preferencialmente mate, embora se tenham produzido algumas peças com vidrado brilhante.

 

Taça com decoração de Wilhelm Kåge. Assinada e datada (1928).

 

Seguiu-se um período em que a decoração insistia particularmente no dourado para complementar o próprio formato das peças, mas na década de 1930, quando Wilhelm Kåge já era director artístico, a fábrica passou a favorecer a técnica da série Argenta, desenvolvida pelo próprio Kåge.

 

Esta técnica caracteriza-se pela utilização de uma  base de vidrado mate, preferencialmente verde de cobre mas também vermelho sangue de boi, a que se sobrepõe a decoração efectuada através de uma fina camada de prata.

 

Taça decorada a ouro, desenhada por J. Ekberg. Assinada e datada (1938).

 

A empresa Gustavsberg acabou por ser adquirida em 2000 pela companhia alemã Vileroy & Boch (fundada em 1748), que mantém aquela marca.

 

Pequena taça da série Argenta. Década de 1940 ou 1950.

 

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Aspectos da História Postal de Portugal

blogdaruanove, 30.03.09

Cautela de seguro passada em Vila Franca de Xira, a 26 de Outubro de 1817 (note-se que a carta de 1835 reproduzida apresenta o topónimo Vila Franca da Restauração). Nas cautelas originais o escudo heráldico surgia sempre impresso apenas a uma cor, tendo o colorido deste exemplar sido adicionado posteriormente, provavelmente por um particular.

Marca de água no papel: B P.

 

O selo postal foi introduzido em Portugal no dia 1 de Julho de 1853, durante o reinado de D. Maria II (Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga, 1819-1853; rainha, 1834-1853), razão pela qual os primeiros exemplares apresentam a efígie da soberana, em relevo. Curiosamente, seguindo uma prática da época que ainda hoje se conserva nos selos ingleses, não apresentavam qualquer indicação do nome do país emissor.

 

Estes primeiros selos, no valor de 5, 25, 50 e 100 reis, vieram alterar o processo de cobrança da circulação postal da correspondência. Com efeito, antes do seu aparecimento, o porte de correio era pago pela pessoa a quem a correspondência se destinava, e não pelo remetente.

 

Em alguns casos, que constituiam excepção na época pré-filatélica, o porte era pago pelo remetente, sendo então aposto nas cartas o carimbo Franca, como se pode constatar no exemplo expedido de Castelo Branco. O porte variava consoante o peso, mas também consoante a distância no interior do país.

 

Tal como hoje, quando o remetente queria assegurar um maior cuidado no tratamento da correspondência procedia ao seu registo, pelo que as cartas recebiam o carimbo Segura (como se pode ver nos exemplos de Lisboa e Vila Franca de Xira), recebendo o expedidor uma cautela semelhante à reproduzida acima.

 

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Be Aware of Malware and the GhostNet!

blogdaruanove, 30.03.09

 

Provavelmente não servirá de muito ter cuidados acrescidos, mas é importante ter conhecimento desta rede de espionagem e disseminação de vírus, que já atacou diversas Embaixadas, incluindo pelo menos uma portuguesa (alegadamente, a Embaixada em Nova Dehli, Índia), e vários Ministérios dos Negócios Estrangeiros: http://en.wikipedia.org/wiki/GhostNet.

 

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