Evocações de Eugénio Tavares (II)
Um caso recente de evocação de Eugénio Tavares (1867-1930) na literatura ocorre ao longo do romance Oh Mar de Túrbidas Vagas (2005), de Henrique Teixeira de Sousa (1919-2006).
Aliás, o título da obra repete um verso de uma morna do poeta, popularmente conhecida como Mar Eterno:
(...)
"Oh mar eterno sem fundo,
sem fim,
oh mar de túrbidas vagas,
oh mar.
De ti, das bocas do mundo,
a mim,
só me vêm dores e pragas,
oh mar.
Que mal te fiz, oh mar, oh mar,
que ao ver-me, pões-te a arfar, a arfar,
quebrando as ondas tuas
de encontro às rochas nuas."
(...)
A influência da obra do poeta é claramente sublinhada por Teixeira de Sousa antes de iniciar o seu romance, quando este declara:
"Sob o signo de Eugénio Tavares, poeta do mar e do amor, no ano em que ocorre o septuagésimo quinto aniversário da sua morte."
De facto, o mar e o amor são as linhas de força deste belíssimo romance, a que se junta a força da constante evocação da poesia e das mornas de Eugénio Tavares, entre as quais surge, também, a conhecida Hora di Bai.
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