Correspondência de Wenceslau de Moraes (XXII)
"Dizes que os dois vão indo sem novidades, o que me dá muita satisfação. Dizes mais que nada soffreram com a revolução. Não, não penso que virá outra revolução tão cedo; mas, dentro de algum tempo, é provavel que venha.
(...)
Ainda a respeito da 'bernarda', devo dizer-te que recebi os jornaes, entretendo-me a lel-os; é claro que recebi o retrato do esposo ha muito tempo, como te informei, e achei-o magnifico.
Agora, com respeito á minha vista. estou quasi bom, ma sé preciso tomar cuidado, o que farei.
Vejo que tiveste muitas asagaos. É preciso guardar as sementes para o anno novo. Na inclusa carta mando-te mais algumas sementes, que podem muito bem ser differentes das que já ahi tens.
(...)
P. S. – Como já em tempos te disse, ha varias maneiras de cultivar as asagaos, alem de psotas no chão, subindo ás paredes, trepando por cordas, etc. N'uma caixa, podem-se dispôr uns poucos de pés, e treparem por caniços. Núm pequeno vaso, é bonito pôr um só pé, não deixando desenvolver, cortando os botões quando pequeninos, de modo a obter uma pequena planta. Por este modo, teem-se muito poucas flores, mas nascem muito grandes. De manhan é facil transportar o vaso para sobre a mesa de jantar, durante as horas do almoço; e horas depois retiral-o para o ar livre, onde passará toda a noite.
Vou mandar-te inclusa uma só semente de asagao d'este anno; ignoro a côr. Por experiencia, vê o que dá."
Excerto de correspondência endereçada a sua irmã Francisca Adriana Palmira (datas desconhecidas), enviada de Tokushima e datada de 22 de Setembro de 1928.
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