A Alma do Grande Sino (II)
KO-NGAI! Todos os azulejos auri-verdes do templo vibram e os peixinhos dourados de madeira, que os rematam, retorcem-se em direcção ao céu. O dedo levantado de Fo agita-se bem alto, sobre as cabeças dos fiéis, através do azulado nevoeiro de incenso (3). KO-NGAI! Que som trovejante aquele! Todos os duendes lacados das cornijas do palácio contorcem as suas coloridas línguas de fogo! E depois de cada enorme choque, quão maravilhoso é o múltiplo eco e o grande gemido dourado. Por fim, quando o imenso tom desfalece em requebrados murmúrios de prata, fica nos ouvidos um choramingar súbito e sibilante, como se uma mulher murmurasse – “Hiai”.
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