Correspondência de Wenceslau de Moraes (X)
"Acabo de receber a tua carta de 11 de Setembro, a primeira que me annuncia a chegada a Lisboa dos primeiros volumes do "Culto do Chá". Obrigado pelas amáveis expressões. Agradeço também a remessa de alguns artigos de jornaes a proposito do Japão, dos quaes apenas já lêra um.
Sobre a tua pergunta a proposito da gravura colorida japoneza, direi antes de tudo que os especimens que o meu livrinho te apresenta são dos mais ordinarios, isto por motivos de economia e tambem pela difficuldade em que me via de saber dirigir-me aos bons mestres. Nada do que vês é aguarella; é pura gravura, executada por processos primitivos, muito lentos, mas admiraveis de tons, por exemplo os esbatimentos. Nas minhas gravuras, os contornos foram impressos por meio de pedra lythographica, empregando só a côr negra; e as côres foram dadas por meio de gravuras em madeira, empregando-se uma chapa para cada côr. Quanto mais côres tem o desenho, mais caro sahe; um desenho com 5 côres, por exemplo, exige a pedra lythographica para os contornos e 5 chapas de madeira!... É este o processo geral da gravura japoneza. [continua] "
Excerto de uma carta endereçada a seu sobrinho Joaquim Adriano de Moraes Costa (?-1905), enviada de Kobe e datada de 18 de Outubro de 1905.
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