Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Aspectos da História Postal de Portugal (II)

blogdaruanove, 03.08.09

Cautela de seguro de Águeda para o correio do Porto, passada em 19 de Fevereiro de 1832.

 

Durante o período pré-filatélico, e nos primeiros anos que se seguiram à introdução em Portugal do selo postal, que ocorreu em 1853, não se utilizavam envelopes para fazer circular a correspondência.

 

O próprio papel em que a correspondência se escrevia era dobrado por forma  a criar um documento fechado sobre si mesmo, sendo o sigilo do seu interior garantido com obreia ou lacre.

 

O procedimento de dobragem era habitualmente o seguinte - colocando a(s) folha(s) de papel ao alto, com o verso em branco, efectuava-se para o interior uma dobra em cada uma das margens laterais, seccionado-se depois o formato resultante em três partes.

 

A secção central exterior funcionava como face da carta, para indicação de endereços e aposição de obliterações, e as outras duas secções dobravam-se de maneira a encaixarem uma na outra e permitirem a colocação de obreia ou lacre na margem da sobreposição.

 

Cautela de seguro de Oliveira [de Azeméis?] para o correio do Porto, passada em 31 de Outubro de 1842.

 

Como já se referiu anteriormente, as condições de porte e transporte de correio sofreram alterações com a introdução do selo postal, pelo que se transcreve de seguida uma curiosa tabela sobre o transporte e entrega de correio em Portugal, no século XVIII, conforme informação da sexta impressão (1759) da Taboada Curiosa, de Joam Antonio Garrido (datas desconhecidas):

 

"Tres dias tarda huma carta em ir, e tornar desde Lisboa a Setubal, sem perder correyo: vão de Lisboa, sabbado, e terça feira, e tornão segunda, e sexta feira.

 

Sete dias tarda em ir, e tornar desde Lisboa a Alenquer, a Santarém, a Torresvedras, a Thomar, a Evora, a Elvas, e a Béja, pelo correyo.

 

Quatorze dias tardão as cartas em ir, e tornar desde Lisboa a Leiria, Coimbra, Aveiro, Fáro, Esgueira, Porto, Campo de Ourique, Algarve; Portalegre, e Viseo.

 

Vinte e hum dias tardão em ir, e tornar desde Lisboa a Guimarães, Moncorvo, Braga, Lamego, Guarda, Castel-Branco, Vianna do Minho, Pinhel, e Almeida.

 

Trinta dias em ir, e tornar desde Lisboa a Bragança, Chaves, Miranda, Monção, e Montealegre.

 

Na terça feira até o meyo dia se deitão as cartas no correyo de Lisboa para irem ao Alentejo, Algarve, e Andaluzia, e tornão em segunda feira.

 

No Sabbado de tarde se deitão as cartas, que vão para a Beira, e tornão em sesta feira.

 

Na terça feira se deitão no correyo para Hespanha, França, e Italia, e tornão em sesta feira.

 

Nestes dias determinados entrão, e sahem as cartas de Lisboa no tempo correspondente às suas distancias, como ja dissemos.

 

A mesma conta, que fizemos a todas as Comarcas do reyno, respeito de Lisboa, se póde fazer tambem a Lisboa, respeito de todas as Comarcas."

 

Cautela de seguro de Torres Novas para o correio de Lisboa, passada em 7 de Março de 1849.

 

© Rua Onze . Blog

Aspectos da História Postal de Portugal

blogdaruanove, 30.03.09

Cautela de seguro passada em Vila Franca de Xira, a 26 de Outubro de 1817 (note-se que a carta de 1835 reproduzida apresenta o topónimo Vila Franca da Restauração). Nas cautelas originais o escudo heráldico surgia sempre impresso apenas a uma cor, tendo o colorido deste exemplar sido adicionado posteriormente, provavelmente por um particular.

Marca de água no papel: B P.

 

O selo postal foi introduzido em Portugal no dia 1 de Julho de 1853, durante o reinado de D. Maria II (Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga, 1819-1853; rainha, 1834-1853), razão pela qual os primeiros exemplares apresentam a efígie da soberana, em relevo. Curiosamente, seguindo uma prática da época que ainda hoje se conserva nos selos ingleses, não apresentavam qualquer indicação do nome do país emissor.

 

Estes primeiros selos, no valor de 5, 25, 50 e 100 reis, vieram alterar o processo de cobrança da circulação postal da correspondência. Com efeito, antes do seu aparecimento, o porte de correio era pago pela pessoa a quem a correspondência se destinava, e não pelo remetente.

 

Em alguns casos, que constituiam excepção na época pré-filatélica, o porte era pago pelo remetente, sendo então aposto nas cartas o carimbo Franca, como se pode constatar no exemplo expedido de Castelo Branco. O porte variava consoante o peso, mas também consoante a distância no interior do país.

 

Tal como hoje, quando o remetente queria assegurar um maior cuidado no tratamento da correspondência procedia ao seu registo, pelo que as cartas recebiam o carimbo Segura (como se pode ver nos exemplos de Lisboa e Vila Franca de Xira), recebendo o expedidor uma cautela semelhante à reproduzida acima.

 

© Rua Onze . Blog