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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Arte Déco

blogdaruanove, 02.03.09

Taça em cerâmica, com decoração a esmalte policromado e ouro, produzida na fábrica Longwy, França.

Década de 1920 ou 1930.

 

A designação Art Déco surgiu e consolidou-se ao longo da década de 1960, considerando os historiadores de arte ser a Exposition des Arts Décoratifs de Paris, em 1925, a exposição que consagra a viragem do estilo Arte Nova para o estilo Art Déco, cuja designação resulta precisamente da abreviatura Arts Décoratifs.

 

O estilo Art Déco veio consagrar uma estilização floral que abandonava muita da ostensivamente exagerada curvilinearidade do estilo Arte Nova, em favor de uma estilização que ora geometrizava as flores ora as tornava mais abstractas, tendendo a aumentar as suas dimensões relativas.

 

Como se pode observar nas peças cerâmicas aqui reproduzidas, o estilo não abandonava totalmente as influências orientalizantes, o que se torna mais evidente na peça de Charles Catteau, a qual, para além de evocar  o craquelé típico das antigas peças de cerâmica oriental, também visível na peça de Longwy, evoca ainda, inequivocamente, o glamour do amarelo imperial.

 

Cigarreira em prata, de punção portuguesa, com a seguinte inscrição no interior: "(...) / Oferta da / Ourivesaria da Guia / 1932".

 

O tratamento geometrizante da Arte Nova de Charles R. Mackintosh (1868-1938) e da Wiener Werkstätte veio a ser repensado e depurado através dos mestres e discípulos da Bauhaus, surgindo então peças decorativas que aliavam materiais inovadores, como a baquelite, o alumínio e o ferro cromado, a outros metais e minerais considerados nobres.

 

Pendente em platina, com esmeraldas e brilhantes, de punção portuguesa anterior a 1938.

 

O contributo português para este movimento passou essencialmente pelo modernismo da arquitectura, mas é também visível em várias peças de joalharia que, contudo não deixam de fazer concessão a influências de séculos anteriores.

 

Este aspecto é particularmente visível no lacinho do pendente aqui reproduzido, inserido numa figura que geometriza e evoca claramente uma flor de papiro. Pormenor que poderá remeter para toda a influência decorrente da descoberta do túmulo e das riquezas de Tuthankamon. (Veja-se ilustração de inspiração similar em: http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/15108.html.)

 

Sublinhe-se, contudo, que, a nível internacional, o reconhecimento maior foi atingido pelos escultores Canto da Maia (1890-1981) e João da Silva (1880-1960; cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/85920.html), os quais também viram muitas das suas criações transpostas para cerâmica, bem como pelo arquitecto e designer de interiores, de origem austríaca, Franz Torka (1888-1953), que emigrou para Portugal no final da década de 1920 e colaborou durante vários anos com a Casa Alcobia.

 

 

Jarra em cerâmica, com decoração a esmalte policromado desenhada por Charles Catteau (1880-1966), produzida na fábrica Boch Frères- Keramis, Bélgica. Cerca de 1923.

 

Para mais alguns apontamentos sobre Art Déco, poderá consultar: http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/15977.html e http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/15831.html.

 

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