Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Metzler & Ortloff

blogdaruanove, 09.11.09

 

A fábrica Metzler & Ortloff, fundada no ano de 1875, em Ilmenau, Alemanha, comercializou os mais diversificados produtos cerâmicos, incluindo, na viragem do século XIX para o século XX, cabeças de bonecas em porcelana.

 

Passando a estar localizada no território da República Democrática Alemã depois da II Grande Guerra e tendo sido nacionalizada em 1972, a empresa recebeu a designação V. E. B. Henneberg Porzellan Ilmenau no ano seguinte, acabando por encerrar em 1976.

 

Embora se conheça muito pouca documentação sobre a  produção da fábrica e os seus colaboradores, sabe-se que contou com a contribuição de notáveis artistas e modeladores, entre os quais Siegismund Wernekinck (1872-1921), que assinou a peça reproduzida.

 

Criada nas duas primeiras décadas do século XX, muito provavelmente depois da I Grande Guerra, e comercializada antes de 1945, esta peça de dimensões médias revela uma modelação e uma pintura exímias, remetendo os seus tons para o cromatismo de algumas fábricas alemãs, como a Meissen do período Jugendstil (Arte Nova) e a Rosenthal, mas evocando particularmente a palette de cores da célebre fábrica dinamarquesa Royal Copenhagen.

 

© Rua Onze . Blog

Macau, 1937 (VIII)

blogdaruanove, 09.11.09

 

À entrada, estendeu a Tchang a tacinha de prata, que a recebeu juntando as mãos, honrando a oferta como se honrasse o convidado. Delicada e atenciosamente, virou a sampana para ver o fundo da taça, onde estava a imagem de Chang Kai-Chek. "Aah! Wai Kee...", murmurou, sorrindo, ao ver a marca do ourives.

 

Fez depois um gesto a uma serviçal, entregando-lhe cerimoniosamente a taça. Esta lavou-a uma e outra vez, secando-a e enchendo-a com uma bebida cor de mel. Entregou-a de seguida ao convidado. Tchang acenava-lhe levemente, sugerindo que a aceitasse. "Seja bem-vindo! O que era seu passou a ser meu, a nossa refeição passará a ser a sua."

 

Bebeu. Era um líquido fino e adocicado, que escorria tão facilmente como a água. Devolveu a taça à serviçal, que de novo a lavou e encheu, entregando-a a Tchang. Só então Liang se aproximou, saudando-o respeitosamente. O seu olhar deixava transparecer uma alegria íntima que mal se notava no sorriso. Recebeu o envelope vermelho das mãos do convidado com o recato que se esperava dela, obtendo antes, com o olhar, a aprovação do tio-avô.

 

Outra serviçal veio receber o terno enfeitado que ele também acabara por trazer, levando-o para a cozinha. Enquanto a porta se abria e fechava, os aromas da comida chegaram à sala e a vertigem que sentira nas ruas voltou. Tudo se misturava, tudo era indefinido, nada tinha um só cheiro.

 

Mal conseguira chegar à mesa e mal se sentara quando a comida começou a ser servida. Carnes preparadas de mil e uma maneiras. Não conhecia a maior parte dos pratos. Foram-lhe dizendo. Capela de porco, galinha assada, galinha kai-pin, inhame chau-chau com lap-yôk, lacassá, ló-pak-cou, margoso lorcha, missó cristão, pato pák-sáp, chau-chau de pele. Uma explosão de vapores, de aromas e de cores.

 

A vertigem continuava com os vegetais, o peixe e o cheiro de balichão nos temperos. Couve recheada, couve-flor frita, chai de bonzo, yeu pin, casquinha de caranguejo. E prolongava-se com os doces. Genetes, doce de camalenga, fatias da china, doce de cha-cha, saransurável. Ainda não provara nem metade de tudo aquilo e já se sentia satisfeito.

 

Mal seguia as conversas, mal recordava as palavras. Apenas via com clareza expressões de satisfação e sorrisos nos rostos que o rodeavam.

 

 

© Rua Onze . Blog