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Rua Onze . Blog

Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

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Aki ó-matsu Hito ó-mayowasu Momiji-kana!...

Craquelé

blogdaruanove, 11.05.09

Jarra Arts & Crafts da fábrica Rookwood, E.U.A., datada de 1916.

 

O craquelé é uma característica da cerâmica em faiança vidrada que indicia envelhecimento das peças.

 

Este aspecto estalado da superfície cerâmica deve-se à reacção desigual da pasta de faiança e do vidrado às subtis dilatações e contracções, causadas pelas variações térmicas e atmosféricas, que o corpo cerâmico vai sofrendo ao longo da sua existência. No entanto, tal reacção não se verifica nem na pasta de grés nem na pasta de porcelana.

 

O aspecto estalado do vidrado, mate ou brilhante, pode contudo ser induzido artificialmente. Durante o período Art Déco, evocando o glamour das antigas peças orientais, várias fábricas recorreram a esse processo com intenções decorativas, sendo algumas das mais conhecidas as fábricas Longwy, em França, e Boch Frères / Keramis, na Bélgica.

 

Este exemplar Rookwood evidencia um craquelé que se foi desenvolvendo ao longo das décadas, enquanto o exemplar BFK ilustra um craquelé intencional, de origem, que foi sublinhado pela inclusão de um líquido escurecido nas fracturas do vidrado.

 

Jarra Art Déco da fábrica Boch Frères, Bélgica, produzida cerca de 1924.

Design de Charles Catteau (1880-1966).

 

© Rua Onze . Blog

A Alma do Grande Sino (I)

blogdaruanove, 11.05.09

Detalhe de uma xilogravura de Utagawa Kunisada (1786-1865),

também conhecido como Toyokuni III, publicada em 1858.

 

Ela tinha falado e as suas palavras ainda ressoavam nos ouvidos dele.

Hao-Khieou-Tchouan: c. IX. (1)

 

 

   O relógio de água marca a hora no Ta-chung sz’ (2). Na Torre do Grande Sino o martelo está agora levantado, para golpear os rebordos do monstro de metal. Rebordos imensos, inscritos com textos Budistas do sagrado Fa-hwa-King, dos capítulos do santo Ling-yen-King! Oiçam o grande sino a responder! KO-NGAI! Embora sem língua, quão poderosa é a sua voz! Nos beirais do telhado esverdeado, os pequenos dragões arrepiam-se todos, até à ponta das suas caudas douradas, sob aquela profunda onda sonora. Nos seus poleiros de talha, as gárgulas de porcelana tremem todas e todas as cem campainhas dos pagodes se agitam, com desejo de falar. (...)

 

© Rua Onze . Blog

Lafcadio Hearn

blogdaruanove, 11.05.09

 

O percurso literário e biográfico de Lafcadio Hearn (1850-1904) apresenta alguns paralelismos com o de Wenceslau de Moraes (1854-1929).

 

Ambos escreveram sobre a China e sobre o Japão, ambos se deixaram seduzir pelo Japão, ambos desposaram consortes japonesas.

 

Do mesmo modo que Moraes é praticamente ignorado em língua inglesa, Hearn é praticamente ignorado em língua portuguesa. Contudo, ambos são considerados pelos literatos japoneses como duas das grandes autoridades ocidentais sobre o Japão, referindo Wenceslau a obra de Hearn com grande admiração.

 

Em Portugal apenas há registo de duas traduções recentes e antológicas da obra de Hearn – O Japão: Uma Antologia de Escritos sobre o País (2005) e O Japão: Uma Antologia de Escritos sobre as Gentes (2006) e nenhum registo de traduções da sua obra ficcional.

 

No Brasil, apenas se regista a tradução, também recente (2006), de Kwaidan (1903), obra que foi adaptada para o cinema em 1964 (Kaidan; cf. http://www.imdb.com/title/tt0058279/), por Masaki Kobayashi (1916-1996). 

 

Para homenagear Lafcadio Hearn, o R11B decidiu ensaiar a tradução de um pequeno conto do autor, The Soul of the Great Bell, incluído em Some Chinese Ghosts (1887), que será publicada a partir de hoje. O texto em Inglês que serviu de base à tradução é de uma edição de 1927 (New York: The Modern Library Publishers), podendo-se consultar uma edição de 1906 em: http://www.archive.org/stream/somechinese00hearrich.

 

Embora o conto seja breve, a tradução para Português apresenta obstáculos particulares dada a intencional predominância de aliterações e de significativos valores onomatopaicos, essenciais ao ritmo e à sonoridade da narrativa original em Inglês, factos que se poderão reflectir na fluência da tradução proposta.

 

Kottō (1902)

 

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